Se tem uma coisa que é a cara do Réveillon, é o champagne, não é mesmo? Mas vocês sabem que não é qualquer espumante que pode ser chamado de champagne?
Champagne é um vin mousseux (effervescent) protegido pela AOC (appellation d’origine contrôlée), o que quer dizer que há regras muito restritas sobre quais vinhos espumantes podem ser denominados « champagne »: apenas aqueles produzidos nos limites geográficos na região da Champagne, com os tipos de uva determinados (pinot noir, pinot meunier e chardonnay), com a técnica específica. Enfim, uma série de regras que demorou séculos para ser estabelecida e que hoje rege o vinho mais elegante do mundo: le vin de Champagne.
A cultura vinícola da região remonta ao período galo-romano. Quando a característica efervescente desse vinho começou a ser observada, ela foi motivo de preocupação. O vinho começou a ser chamdo de vin du diable e saute-bouchon (« vinho do diabo » e « salta-rolha »), por causa das garrafas que explodiam e das rolhas que pipocavam em virtude da pressão. Foram, justiça se faça, os ingleses os primeiros a serem conquistados pelo vinho diferente, e eles compravam aos montes.
Aí começaram a se fazer os grandes entendedores. O monge Dom Pérignon fez experimentações com uvas, corrigiu os erros do preparo, e inventou um sistema de amarração da rolha para que ela conservasse a efervescência do vinho. Até Louis Pasteur e seus estudos de fermentação ajudaram a alcançar a perfeição do vinho perfeito.
As rolhas em forma de champignon usadas nas garrafas de champagne são chamadas de bouchon de liège, e têm de ser comprimidas antes de entrar no gargalo. Depois se expandem e saem mais gordinhas do que entraram, como mostra a foto com rolhas usadas. Abaixo, a imagem de uma rolha de liège nova, nunca usada:
E agora eu vos pergunto: em que tipo de taça bebeis vosso champagne? Numa flûte?
Numa coupe?
Segundo este artigo do Le Monde, nenhum dos dois está certo! A flûte é estreita demais, faz as bolhas incomodarem o nariz e não permite que os aromas se liberem. E a coupe tem a boca muito larga, perdendo todo o gás. O melhor, de acordo com experts, é um copo de vinho branco cheinho no meio e estreito na boca, em forma de tulipa, como os da foto:
Estas taças são perfeitas porque sua forma ovoidal dá espaço aos aromas do vinho, que podem circular e alcançar nossas narinas quando bebemos, mas também consegue encapsular as bolhas. O artigo lembra que o champagne é, antes de tudo, um vinho, e as bolhinhas são um extra. Devemos consumi-lo com isso em mente: aromas, textura, tudo o que observamos em um bom vinho, deve ser explorado no vin de champagne, o vinho mais festivo que há!
E com isso me despeço de 2010, desejando um lindo ano a todos e convidando-os a continuarem visitando o club Jean Briant de français em 2011, um cantinho francófono mas, surtout, francófilo! 😉
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